quarta-feira, 6 de abril de 2011

Endividados - 76% dos consumidores possuem dois ou mais carnês em atraso

É crescente o número de consumidores endividados por mais de um carnê em atraso. Em março de 2011, a maioria (76%) das pessoas que recorreram ao Serviço Central de Proteção ao Crédito da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) tinha dois ou mais carnês em atraso. Os dados constam de levantamento da associação divulgado no último dia 31.

Em março de 2010, este percentual era de 73% dos entrevistados e um ano antes, em 2009, de 47%. No geral, o carnê respondeu pela maior parte das dívidas (37%), seguido pelo cartão de crédito (19%) e pelo cheque (18%).

No que diz respeito aos cheques, na comparação entre março deste ano e do ano passado, os pré-datados têm diminuído a participação nas dívidas dos inadimplentes. Eles representavam 88% dos cheques em atraso no ano passado, enquanto 12% eram à vista. Já em março deste ano, os cheques pré-datados chegaram a 85% do total de cheques em atraso, frente a 15% à vista.

Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP com 896 pessoas, 77% dos consumidores endividados tinham de dois a cinco cheques em atraso, 7% tinham de seis a dez, mesmo percentual de quem possui de 11 a 20 folhas. Outros 5% tem um cheque sem fundo e 4% mais de 20.

Jovens são os mais inadimplentes

Cheios de vontade de consumir, jovens entre 21 e 30 anos se tornaram neste mês o maior grupo entre os paulistanos inadimplentes. É o que mostra a pesquisa realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Eles, que hoje somam 41% dos inadimplentes da capital, eram 28% em março do ano passado. Naquela época, os trabalhadores entre 31 e 40 anos eram mais numerosos.

A pesquisa revela que a maioria dos jovens inadimplentes que têm entre 21 e 30 anos está hoje empregada, ganha entre dois e três salários mínimos (de R$ 1.021 a R$ 1.530) e pretende apenas cortar gastos para pagar a dívida, sem ter que recorrer a empréstimos. Para 60% deles, será possível inclusive sanar o débito em 30 dias.

"Em 14 anos no mercado a Atn Capital concretizou mais de 1 milhão de acordos, responsáveis pela geração de caixa e reversão aos lucros dos seus contratantes na ordem de R$ 220 milhões. Atualmente processa uma média mensal de 2,9 milhões de títulos. O que representa em termos financeiros valores de face na ordem de R$ 3,2 bilhões", calcula o diretor da Atn Capital, empresa de recuperação de credito, Omar Malheiros.

No entanto, ele observa que não se pode dizer que foi a conjuntura econômica que levou a maioria dessas pessoas à inadimplência. Pelo contrário, os jovens têm um perfil mais consumista e imediatista, por isso se endividam para ter os bens na hora e depois não conseguem pagar as prestações.

Já o advogado especialista em finanças pessoais e cobrança bancaria, Luiz Felizardo Barroso, diretor da Cobrart Gestão de Ativos, analisa a pesquisa acredita que, de fato, os jovens da classe C estejam ficando cada vez mais endividados.

"Jovens das classes A e B também querem consumir, mas costumam fazer apenas a reposição dos produtos que já tem. A renda familiar deles também é diferente", analisa Felizardo Barroso. "Por outro lado, os jovens da classe C, sobretudo os que estão ingressando no mercado de trabalho, estão comprando mais e bens de consumo caros como o primeiro carro, seus primeiros eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Como ainda não possuem esses produtos, costumam a ceder aos apelos das propagandas e se apressam em consumir. De modo geral, falta educação financeira para a maior parte dos consumidores de todas as classes", explica o advogado.

Prova disso é que, na pesquisa da ACSP, 30% dos entrevistados afirmam que, depois de quitar a dívida e limpar seu nome, seu próximo sonho de consumo é comprar nada menos que um automóvel. Em segundo e terceiro lugares na lista de preferências aparecem eletrodomésticos e móveis. O estudo da ACSP, afirma que os jovens de até 30 anos devem se firmar como o maior grupo entre os inadimplentes. Tudo porque essa também deve ser a faixa etária que mais se beneficiará com o crescimento do emprego.