terça-feira, 22 de setembro de 2009

Comércio on-line ajuda pequenos criadores de itens feitos à mão

Produtos feitos à mão representam só 1% do faturamento com comércio eletrônico no Brasil (estimado este ano em R$ 10,5 bilhões). Mas é cada vez maior o número de sites que vendem essas criações.

Na outra ponta, aumenta também o público que consome na rede. A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico prevê que 17,2 milhões vão comprar on-line em 2009 no país. A busca por produtos que fogem da massificação da indústria e têm um toque mais pessoal começa a ser percebida no mercado on-line. "Hoje, as pessoas querem algo mais próximo, feito pelas mãos, com carga sentimental", diz Auresnede Pires Stephan, professor de design na ESPM, Faap, Santa Marcelina e Belas Artes.

"Aí as coisas saem da grande linha de produção para a customização", afirma. No varejo virtual, quem consegue se voltar para esse nicho são os pequenos e médios comerciantes. "Os grandes têm dificuldade para atender essa demanda e os pequenos estão aí para suprir", diz o diretor da consultoria de mercado e-bit, Pedro Guasti.

Pensando nos pequenos comerciantes, o analista de sistemas Juliano Ipólito importou para o Brasil a ideia de reunir em um site lojistas cujo foco são itens feitos à mão. O portal Elo 7, inspirado no americano Etsy e no europeu DaWanda, tem 50 mil usuários -sendo 15 mil vendedores- e mais de 220 mil mercadorias à venda. Manter uma loja ali custa R$ 49,90 ao ano.

A equipe do portal dá assistência tecnológica. Muitos dos pequenos comerciantes na internet são informais e nem têm ferramentas próprias para venda, ou seja, não são reconhecidos como lojas virtuais, onde a compra é feita na hora. Boa parte começou o negócio como um hobby, sem se dar conta do potencial. "Eu compartilhava fotos dos acessórios que fazia no Flickr. As pessoas viam e perguntavam se podiam encomendar. Foi aí que decidi vender", conta a arquiteta Carol Grilo. A empreitada deu tão certo que há três anos ela se dedica só à marca de acessórios FofysFactory, que tem mais de 50 itens à venda. Nem é artesanato Nem tudo o que é feito à mão é artesanato.

O termo é empregado com frequência, então fica difícil para quem compra fazer a diferenciação. "Assim como a palavra design, que se desgastou e deixou de ser um substantivo para se tornar adjetivo, há um mau emprego do termo. A pessoa prega um botão diferente e já chama de artesanato", diz o professor Stephan. O artesanato no sentido mais completo tem raízes, tradição e técnicas apuradas.

Para o consultor de design Renato Imbroisi, a falta de emprego levou muita gente a fazer aulas de crochê, cerâmica e bordado, sem que tivesse tradição nessas áreas. "Essas pessoas iniciam uma carreira sem rumo. É diferente do artesão, que vive da vontade de criar e não se desvia da técnica". No site Elo 7, que se define como portal de vendas de artesanato, os produtos mais vendidos têm apelo moderno. "Não é o artesanato de raiz. É "craft". São itens que poderiam ser vendidos em lojas normais", diz o criador do portal, Juliano Ipólito.

Fonte: Folha de S. Paulo