quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Alta do consumo é sustentável, dizem executivos

Em encontro sobre tendências do varejo, representantes de diversos setores mostram-se confiantes quanto ao futuro, mas cobram investimentos públicos em infra-estrutura

Desemprego em queda, massa salarial crescendo e confiança do consumidor em alta. A conjunção desses fatores indica que o consumo no Brasil seguirá, nos próximos anos, sua trajetória ascendente, beneficiado pela estabilidade econômica, colocada à prova durante a mais recente crise financeira mundial.

Mas o futuro pujante sinalizado pelas oportunidades de crescimento em faixas menos favorecidas da população e em regiões distantes dos grandes centros só se tornará realidade com investimentos públicos em infra-estrutura, especialmente na área de transportes.

Tais opiniões ecoaram no auditório da Câmara Americana de Comérico (Amcham), em São Paulo. Por duas horas na manhã da terça-feira 23, executivos representantes de diversos setores ligados a bens de consumo expuseram tendências e perspectivas para o varejo brasileiro.

Sob o tema "Para onde vai o dinheiro do brasileiro em 2010", participaram do debate: Carlos Werner, diretor de marketing da Samsung, Eduardo Macedo, da consultoria Gouvêa de Souza, Paulo Maffei, CEO da Nazca Cosméticos, Ricardo Flora, diretor comercial do grupo Jereissati, Sérgio Leme, diretor comercial da Whirlpool, e Westermann Geraldes, VP de vendas da Nestlé.

O painel teve a moderação da editora adjunta do Meio & Mensagem, Edianez Parente, e foi precedido por uma apresentação de Eduardo Ragasol, presidente da Nielsen Brasil.

"O Brasil entrou, sem dúvida em uma fase de crescimento sustentável. E as classes de nível socioeconômico médio e baixo continuarão a impulsionar este crescimento pelos próximos anos. Em 2009, 46% do crescimento do varejo foi propiciado pelo consumidor médio", afirmou Ragasol, na abertura do encontro.

Em 2009, as cestas de produtos estudadas pela Nielsen, apresentaram um aumento de vendas em volume de 2,2%. Das 159 categorias da amostra, 42% tiveram crescimento real. Ragasol diz que é possível identificar pontos comuns nos campeões de incremento de venda - como iogurtes funcionais e fraldas descartáveis em pacotes econômicos.

Segundo a Nielsen, são cinco os vetores que mais mexem, hoje, com o consumidor varejista: o benefício do produto em relação à saúde do consumidor, a sua praticidade, a sua sofisticação, o seu custo-benefício e o seu fator recompensador.

"A combinação de dois desses vetores turbina os resultados. É um conceito poderoso para impulsionar o crescimento", analisou.

Também foi unânime entre os presentes a existência de gargalos enormes na infra-estrutura do País. Para Paulo Maffei, não bastará a sofisticação cada vez maior dos produtos e canais do varejo brasileiro se o governo não fizer sua parte.

"É preciso que os governantes propiciem a expansão e invistam corretamente o dinheiro dos nossos impostos. Devemos estar atentos e cobrar por isso", disse o CEO da Naza, que também mostrou preocupação com a falta de qualificação de profissionais tanto para o alto escalão das empresas como para oferecer serviços condizentes ao nível de exigência que o consumidor brasileiro está alcançando.

Fonte: Meio & Mensagem