sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Copa como tema para volta às aulas

Quem apostou na Copa do Mundo de Futebol para alavancar as vendas de material escolar se deu bem. Com a proximidade do evento esportivo, em junho, na África do Sul, as redes viram as vendas de itens de volta às aulas deste ano subirem 10% em relação às de 2009, número acima do esperado pelo comércio, que previa crescer 5% com a data este ano. De acordo com especialistas consultados pela reportagem, até o final do período de vendas - meados de março- o setor pode chegar a um novo recorde de vendas de material escolar.

Para o comércio especializado, a época é considerada a mais importante para o setor, considerando-se o ano todo, pois corresponde a 65% das vendas anuais de artigos de papelaria. Segundo José Lupoli Júnior, professor de Marketing da Universidade de São Paulo (USP) e do Programa de Administração do Varejo (Provar), investir em produtos licenciados é a melhor aposta para alavancar as vendas da volta às aulas, principalmente quando se oferecem artigos com motivos de efemérides. "Esses artigos têm uma saída melhor e também possibilitam uma margem maior para o varejista", conta. "É claro que em caso de eventos como a Copa a demanda é maior, mas é importante investir em temas de artistas e filmes também", ressalta.

Para o Lupoli, as vendas de itens de volta às aulas este ano devem se confirmar mais aquecidas, fruto da disposição maior do consumidor para gastar. "O setor deve apresentar bons resultados até o meio de março", diz.

No Grupo Pão de Açúcar (GPA), o destaque são as vendas de cadernos licenciados, com capa da Seleção Brasileira de Futebol. Cada capa representa um país e o ano em que o Brasil venceu o campeonato mundial de futebol. O último modelo representa a "Força Extra" para a vitória na África do Sul em 2010, diz a rede. Só nas lojas Extra foram vendidas mais de 300 mil unidades do produto, em apenas um mês.

Segundo a rede, o caderno é fruto de uma parceria que garantiu à empresa o repasse para o consumidor a R$ 4,90 -um caderno custa em média R$ 13. O GPA garante que os estoques foram renovados para atender à demanda que continua forte pelo item. De acordo com a assessoria do GPA, a procura por outros itens também foi surpreendente: a de canetas importadas apresentou alta de 122% de demanda, a de porta-material, 22%, e a de acessórios para escrita, 22%.

Outra que viu as vendas de material escolar baterem recorde neste ano é o Walmart Brasil, terceira colocada no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). De acordo com a varejista, a procura por artigos para as aulas foi 14% maior do que no mesmo período de 2009.

Já o Carrefour afirmou que as vendas de volta às aulas também são importantes para os resultados da companhia, mas ainda não tem o balanço das vendas na área fechado para informar.

Papelarias

Hoslei Pimenta, gerente comercial da Kalunga, rede com mais de 60 lojas e que atende tanto por atacado como a varejo, acredita que a rede terá crescimento de 15% com as vendas de volta às aulas no primeiro bimestre de 2010. A estratégia da rede foi apostar mais em itens da Copa para o retorno do recesso escolar de meio de ano, em agosto. "As vendas também crescem bastante nesse mês, tanto que a gente as chama de minivolta às aulas", afirma. "Acreditamos nestes produtos como motivo para mídia e estamos investindo, sim", explica.

De acordo com o gerente, a expectativa é de manter o ritmo acelerado de vendas até a segunda semana de março. "Temos de aproveitar. No ano passado crescemos 8%, e este ano as vendas estão bem melhores." Em recente entrevista ao DCI, Pimenta afirmou que a aposta da rede para o período era tamanha que fez com que a empresa adiantasse de um mês os preparativos para comercializar o material escolar.

Segundo o gerente, no primeiro trimestre do ano a companhia fatura 30% do total do ano. "É a época mais forte para nós", confirma Pimenta. Para ele, a estratégia para atrair o consumidor neste ano foi a facilidade de parcelamento, que pôde ser feito em até 10 vezes sem juros em todas as unidades da empresa. "É uma forma de garantir ao consumidor o acesso às novidades que a loja vai ter", contou Hoslei, na época.

Na Armarinhos Fernando, referência em artigos de papelaria na Rua Vinte e Cinco de Março, em São Paulo, e que vai inaugurar uma nova unidade na próxima semana na capital paulista, as vendas de material escolar bateram as expectativas por causa das ofertas de cadernos a preços até 20% menores que os da concorrência, garante Ondamar Ferreira, gerente da loja matriz da rede. "Tivemos um pico de vendas de 45 dias com vendas fortes."

Segundo Ferreira, a exposição dos materiais escolares nas lojas começou na última semana de dezembro. Foram adiantadas em uma semana para aproveitar também o momento de euforia dos consumidores no fim do ano e aumentar os resultados. "Mudamos no primeiro fim de semana depois do Natal, para aproveitar a melhor época para o nosso negócio."

A professora Heloísa Omini, da pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), acredita que investir produtos com temas de eventos esportivos é uma boa, mas alerta para o fato de que para não transformar a oportunidade de lucros em prejuízo é necessário planejar as compras com antecedência e manter um controle rigoroso dos estoques para atender à procura mais forte pelos produtos. "quem compra de última hora acaba pagando mais caro", conta.

Sem itens da Copa, e prejudicada pelas fortes chuvas na cidade de São Paulo, a rede Semaan viu crescimento tímido nas vendas, se comparado com as concorrentes. De acordo com Marcelo Moawad, dono da empresa, a alta foi dentro da média anual do setor e abaixo das expectativas da companhia para este ano - 5% entre janeiro e fevereiro. "Não chegamos a aproveitar o tema", diz o empresário. Segundo Moawad, as vendas em dias sem chuva foram "ótimas": "Vendemos mais de 10%".

Quem apostou no tema Copa do Mundo de Futebol para alavancar as vendas de material escolar e impulsionar a área de marketing esportivo, com a criação de eventos segmentados, já comemora resultados positivos. Com a proximidade do evento em junho, na África do Sul, as redes do varejo viram as vendas de itens para a volta às aulas subir 10% em relação às de 2009, acima do esperado graças à venda de produtos licenciados com alusão à Copa.

José Lupoli Júnior, do Programa de Administração do Varejo (Provar), diz que investir em produtos desse tipo foi a melhor aposta para alavancar as vendas de volta às aulas: "Esses artigos têm melhor saída." Nas lojas Extra, do Grupo Pão de Açúcar, em apenas um mês foram vendidas mais de 300 mil unidades de cadernos licenciados com capa da seleção brasileira. O Walmart contabilizou recorde de venda de material escolar, com crescimento de 14%.

As agências de marketing esportivo também preveem crescimento graças à Copa, com a compra de mídia e com eventos corporativos paralelos. O empresário José Cocco, da agência que leva seu nome, prevê crescer até 20% com a expansão dos investimentos de anunciantes.

Fonte: DCI