segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mudança em cartões de crédito vai gerar economia de R$ 120 milhões para comércio de Minas

Com menores custos, lojistas poderão contratar mais, realizar novos investimentos e até reduzir preços
A unificação dos terminais de operação com cartão de crédito, que vai entrar em vigor no dia 1º de julho, deve representar uma economia anual de R$ 120 milhões para o comércio de Minas Gerais. No caso de Belo Horizonte, a economia estimada é de R$ 19,2 milhões.

Os cálculos são da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). “Essa expressiva economia anual vai representar menores custos para os lojistas que, consequentemente, poderão contratar mais, realizar novos investimentos e até mesmo diminuir seus preços em relação aos concorrentes”, afirma o presidente da CDL/BH, Roberto Alfeu, que é também presidente do Serviço Nacional de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Atualmente, há uma máquina de leitura de cartão para cada bandeira (Visa, Mastercard, American Express, por exemplo) e por cada uma delas o lojista paga, em média, um aluguel mensal de R$ 110. A partir do dia 1º de julho, uma única máquina, que o lojista vai escolher, aceitará todos os cartões de crédito que operam no mercado brasileiro.

No Brasil, a indústria do setor de cartões de pagamento apresenta alto grau de concentração. Visa e Mastercad, juntas, dominam mais de 90% dos cartões ativos (débito e crédito). A unificação dos terminais de operação vai também ampliar as oportunidades de entrada de um novo cartão no mercado, aumentando a competitividade entre as empresas o que, certamente, vai resultar em menores preços do aluguel das máquinas.

O segmento de cartões de crédito, líder de queixas do setor financeiro - segundo o Sistema Nacional de Informação de Defesa do Consumidor (Sindec) - passa atualmente pela discussão sobre quem deve ser responsável pela sua regulamentação. As empresas do setor defendem a autorregulamentação mas, para Roberto Alfeu, esse papel deve ser do próprio Banco Central.

"O movimento lojista está analisando a proposta de autorregulamentação do setor de cartões de crédito, mas entende que são necessárias regras claras sobre taxas e tarifas, que por serem extremamente altas em relação à média mundial têm afetado lojistas e consumidores", alerta Roberto Alfeu. Os juros do cartão de crédito no Brasil variam de 10% a 15% ao mês, enquanto a inflação anual tem ficado em torno de 4,5%.

No Brasil, a taxa de administração cobrada pelas empresas de cartão de crédito é, em média, de 4% ao mês, enquanto que na maioria dos países ela fica em torno de 2%. A taxa de aluguel das máquinas, que na média mundial é de cerca de R$ 70, no Brasil é de R$ 110. Na grande maioria dos países, o lojista recebe o valor da compra dois dias após ter sido efetuada pelo consumidor; aqui no Brasil, o repasse só é feito ao comércio 33 dias após a compra.

"É preciso que fique claro que o comércio não é contra o cartão de crédito. Ao contrário, ele é muito importante para a nossa atividade. Somos contra esse modelo que, em vez de privilegiar a produção, privilegia o sistema financeiro. Daí a nossa defesa para que o setor seja regulamentado pelo Banco Central", assinala o presidente da SPC Brasil e da CDL/BH.