sexta-feira, 2 de julho de 2010

“O e-commerce crescerá 40% em 2010”, defendem especialistas em seminário da ACSP

Tendência de fechar 2010 com 100 milhões de internautas brasileiros é mantida: consumo via web aumentará na baixa renda
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em conjunto com a camara-e.net, realizou na terça-feira (30/06) mais um seminário de e-commerce para micro e pequenas empresas (MPEs), desta vez na Distrital Ipiranga da instituição. Na ocasião, a tônica das discussões manteve-se em torno das grandes tendências do comércio eletrônico, tanto de suas perspectivas quanto ao uso de ações de comunicação para sustentação dos canais de venda.

A superintendente de Marketing da ACSP, Sandra Turchi, reforçou a perspectiva do Brasil fechar 2010 com 100 milhões de internautas, o que corresponde a 49% da população. “Isso deve-se a fatores como a expansão da banda larga nas residências e a influência das lan houses na inclusão digital da baixa renda”, reforça a executiva.

Sandra ainda enfatizou que, embora o e-commerce tenha surgido com um público-alvo majoritariamente masculino, a tendência é que mulheres respondam por mais de 50% das compras online. “Além de atentar-se a esses comportamentos do consumidor, as pequenas e médias empresas devem procurar atuar cada vez mais em nichos, algo que elas são fortemente especializadas”, aponta.

A ênfase em orientar as MPEs a atuarem em nichos foi abordada também pelo diretor-executivo da camara-e.net, Gerson Rolim. “As MPEs já respondem por 20% do faturamento do e-commerce, o que corresponde a aproximadamente R$ 2 bi por ano. A tendência é fecharmos o ano com um crescimento de 40% do setor”, estima o especialista.

Ainda sobre a exploração de segmentos específicos no e-commerce, Rolim comentou que as MPEs devem tirar proveito disso para obterem diferenciais, uma vez que não é considerado efetivo estabelecer concorrência com grandes players. “A grande empresa tem condição de lidar com produtos de giro rápido, uma vez que elas apresentam estrutura para isso – inclusive e principalmente na política de valores e pagamentos”, argumenta Rolim. “Por outro lado, grandes varejistas não têm como atender nichos específicos, algo que as MPEs realizam com competência. Afinal, produtos altamente segmentados acabam concorrendo com suas mercadorias de grande giro”, completou.

Na sequência, o professor e consultor da Innovar 8, Dailton Felipini, abordou os quatro fatores fundamentais para o sucesso no comércio via web, que são: planejamento, atuar em um bom nicho de mercado, apresentar uma loja virtual eficaz e realizar uma promoção eficaz do empreendimento. “No Brasil, ainda predomina a cultura da ação imediata em detrimento do planejamento. Em função disso, mais de 50% das MPEs encerram suas atividades de e-commerce em menos de três anos”, alertou o especialista.

Fazendo coro às premissas já apresentadas por Sandra e Rolim quanto às MPEs atuarem em nichos no comércio web, o executivo ainda destacou duas principais razões para que esse perfil de empresa adote o conceito. “Primeiro, porque o investimento é menor. Segundo, porque, se ela atuar com excelência dentro do seu segmento, ela será vista como referência. E isso aumenta o seu poder de barganha com companhias influentes do setor”, explicou.

O CEO da e-Commerce Consulting, Fábio Vargas, destacou outros diferenciais para expansão do negócio virtual, especialmente na fidelização de clientes. “Assim como a loja física, o comércio eletrônico também é loja. E toda loja tem vitrine. Com isso, é fundamental exibir ao visitante uma síntese dos produtos disponibilizados para venda”, destaca o executivo, acrescentando da importância do SAC no relacionamento ao cliente : “o atendimento ao consumidor, mais do que uma via de comunicação, é uma oportunidade de fidelização, mesmo que ele apresente uma reclamação”, alertou Vargas.

As novas tendências de pagamento online foram repercutidas por Régis Freitas, diretor Comercial da Cobre Bem. “As empresas não podem mais se dar ao luxo de disporem de meios de pagamentos limitados ao consumidor. A concorrência no e-commerce é acirrada e, se ela não se atentar a esse detalhe, o empreendimento dela corre sérios riscos”, destacou. Freitas evidenciou a tendência de se utilizar os gateways de pagamento, que são plataformas integradoras dos canais em que a compra é feita (internet, telefone, celular) com os meios (cartões, transferências on/offline, boletos, entre outros).

Outra preocupação recorrente às MPEs que têm ou pretendem estabelecer plataformas online de comércio é a questão da fraude, amplamente debatida pela relações institucionais da Clearsale, Arlene Affonso. “Diferente do mundo físico, em que há bancos de dados como o SCPC para se consultar pendências financeiras, no mundo virtual, o único meio para se liberar crédito é verificar ameaças de fraude”, frisou. “Entretanto, o empresário não deve se mostrar apreensivo, pois a maioria é composta por bons pagadores. Por isso, nesse processo ele deve ter muito cuidado em não negar vendas nos casos de suspeita de fraudes, pois, se isso atingir um bom pagador, ele perdeu não só a venda como o cliente”, enfatizou.

Embora realizado muitas vezes de forma errônea e sem estratégia, o e-mail marketing ainda é considerada uma ferramenta eficaz e amplamente utilizada para ações de comunicação. Essa é a premissa defendida por Luiz Augusto Pereira, diretor comercial da Virid. “Contudo, é fundamental que a base de disparo seja composta por pessoas realmente interessadas no produto”, destaca. “Para isso, é sempre importante que o cadastro de e-mail parta do próprio consumidor, e que ele confirme seu interesse”, comentou.

De acordo com Pereira, apesar da prática de spam ter apresentado declínio, ele ainda é motivo de diversas preocupações. “86% das mensagens enviadas por e-mail ainda são lixo eletrônico”, finalizou o executivo.