quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pão de Açúcar dá prioridade para o nordeste

O Grupo Pão de Açúcar colocou o nordeste no topo de suas prioridades do segundo semestre. Tendo como pano de fundo o aumento da disputa do setor varejista por mercado em todo o País, o grupo informou ontem que pretende estar "rapidamente" em todos os estados da Região Nordeste, ampliando suas operações em mercados fora do eixo Rio-São Paulo.

"Já estamos presentes com supermercados em alguns estados, mas não com eletroeletrônicos", afirmou o diretor executivo de Negócios de Varejo do GPA, José Roberto Tambasco. Ele evitou, porém, dar detalhes da expansão na região, assim como dos planos de inauguração de lojas das bandeiras Ponto Frio e Casas Bahia pelo Brasil.

Segundo Tambasco, recentemente a empresa abriu sua primeira loja em Teresina, no Piauí, e irá expandir pontos-de-venda este ano em Pernambuco, com a bandeira Assai.

O objetivo da companhia é aumentar o market share da empresa no nordeste, destacando o recente processo de aceleração da abertura de lojas das Casas Bahia no Estado da Bahia.

Investimentos

Além do investimento de R$ 389,4 milhões no primeiro semestre, dos quais R$ 182,4 milhões foram investidos no segundo trimestre na abertura de 13 novas lojas e na conversão de duas unidades ao formato Extra Supermercado, segundo o diretor de Finanças e Tecnologia da Informação do GPA, José Antônio Filippo, mais R$ 800 milhões estão "compromissados" e serão aplicados nesta segunda metade do ano.

A quantia conjunta fica abaixo da projeção de investimentos para o ano, de R$ 1,6 bilhão, mas Filippo mostra-se confiante na inauguração de aproximadamente 100 lojas ainda este ano. O GPA encerrou o segundo trimestre com 1.102 unidades, incluindo Ponto Frio.

No curto prazo, ele descartou a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da unidade de comércio eletrônico formada pelos sites Extra, Casas Bahia e Ponto Frio. Segundo ele, neste momento a companhia trabalha na captação de sinergias entre os sites, na gestão de logística, vendas e estoques, mantendo estratégias de preços e condições de pagamento de cada site inalteradas. "Porém, a injeção de recursos [como com um IPO] vai ajudar no negócio", garantiu.

Até a segunda quinzena de setembro serão divulgadas as projeções de vendas e margens com os resultados da Casas Bahia consolidados com o Pão de Açúcar.

Resultados

Líder do varejo brasileiro, o Grupo Pão de Açúcar apresentou ontem seu lucro líquido consolidado, incluindo as operações do Ponto Frio, de R$ 62,3 milhões no segundo trimestre deste ano.

O valor representa uma queda de 52,6% sobre igual período do ano passado. Excluindo o Ponto Frio da comparação com o mesmo período em 2009, o lucro líquido da companhia caiu 37,4%, totalizando R$ 82,5 milhões. Os resultados não incluem a Casas Bahia, com a qual o grupo fez recente acordo de união.

Segundo o relatório da acompanha, no balanço da empresa o lucro líquido do período foi impactado pelo efeito extraordinário da adesão ao programa de parcelamento de impostos de renda e do efeito de participação de minoritários, totalizando R$ 44,5 milhões. Desconsiderado este valor, o lucro líquido ajustado seria de R$ 127 milhões, o que representaria uma redução de 3,6%.

O Ebitda consolidado (medida de geração de caixa) totalizou R$ 395 milhões, incluindo Ponto Frio, o que significou uma alta de 14,4% sobre o mesmo intervalo de 2009, com a margem Ebitda encerrando o período em 5,7%, com queda de 1,2%. Sem o Ponto Frio, o Ebitda avançou 4,2%, para R$ 360 milhões, com margem de 6,4%.

A receita líquida consolidada totalizou R$ 6,97 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 39,4% sobre o mesmo intervalo de 2009. Excluindo-se as operações do Ponto Frio, as vendas líquidas no período cresceram 12,7%, para R$ 5,641 bilhões.

A margem bruta consolidada encerrou o segundo trimestre em 23,4%, ante 25,3% no mesmo intervalo de 2009. Sem o Ponto Frio, a mesma margem foi de 24,8% em igual período neste ano.

A maior participação nos resultados consolidados da bandeira Assai e o regime de substituição tributária contribuíram para a retração da margem, segundo o balanço. No conceito lojas comparáveis, as vendas brutas aumentaram 9,9% no segundo trimestre, apresentando um crescimento real (deflacionado pelo IPCA) de 4,6%, sendo que em produtos alimentícios avançaram 7,9%, com destaque para as categorias Bebidas e Perecíveis. Já as vendas de não-alimentos cresceram 16,2%, puxadas por eletroeletrônicos, em razão dos efeitos positivos das vendas da Copa do Mundo.

Ponto Frio

Apenas a bandeira Ponto Frio, que inclui comércio eletrônico, teve lucro líquido no segundo trimestre de R$ 36 milhões, revertendo prejuízo de R$ 282,7 milhões do mesmo intervalo de 2009, quando os antigos controladores puseram a empresa à venda.

A receita líquida subiu 71,6%, para R$ 1,336 bilhão. Já o Ebitda reportado totalizou R$ 35,2 milhões, ante resultado negativo de R$ 182,4 milhões de abril a junho de 2009.

No conceito lojas comparáveis, as vendas brutas do Ponto Frio cresceram 54,6% em comparação às do segundo trimestre de 2009. As vendas apenas por meio da internet, pelos sites Pontofrio.com.br e Extra.com.br, cresceram 45,4% ante as do mesmo período do ano passado.

Fonte: DCI