quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Em uma corrida de táxi aprendi na prática porque empresas estão morrendo frente à inovação.

Olá amigos do varejo

Em uma cidade do nordeste brasileiro onde estou passando alguns dias a trabalho, resolvi pegar um táxi no hotel que estava para uma reunião. Como era um trajeto pequeno, de pouco mais do que 15 minutos, e mesmo sabendo que haveria disponibilidade de serviços como o Uber, resolvi utilizar o método tradicional, pedindo um taxi no balcão do hotel.


Ligação feita pelo recepcionista do hotel, cinco minutos e meu carro chega. Um carro popular, algo que não me incomoda (uso muito o uber x), mas com ares de cansado e em fim de carreira, exatamente à imagem de seu motorista. Me sentei à frente pois precisava carregar um pouco o celular. Sem entradas, pedi para carregar no USB do rádio, como já disse, surrado, que precisou ser ligado para que o carregador funcionasse.

Pude acompanhar as novidades dos times locais em um ótimo programa de debate esportivo.

Estranhei as janelas abertas, mas resolvi não ser chato e pedir para ligar o ar-condicionado, e assim sendo, curtir um pouco do “inverno” nordestino, marcando seus quase trinta graus, que somados com o úmido ar litorâneo, para um gordinho como eu, se torna uma verdadeira sauna.

- Vamos para o Centro.

- Ok.

Nisso ele pega o rádio e pergunta a outros motoristas como está o caminho em uma determinada avenida. Lhe respondem que pelo caminho que iria estava tudo travado, mas que poderia tomar outra via que não teria problema.

No caminho vimos que realmente a via que normalmente uso para chegar ao escritório que eu iria estava com trânsito, segundo o motorista, por conta de uma obra. E puxei conversa:

- Mas me conta, como anda essa vida de taxista depois do Uber.

- Tá ruim demais moço. Caiu 70%. É um absurdo. Para o senhor ver, eu tenho até vergonha de falar, mas o ar-condicionado eu nem liguei pois está quebrado há quatro dias. Custa caro demais arrumar. Inclusive acho que vou é vender esse carro, já nem posso guiar ele pois taxi aqui só com menos de 5 anos de fabricação e o meu já foi pro sexto ano. Tá dando muito problema, mas ainda não o troquei.

- Mas o turista não reclama?

- Reclama, mas quem mais reclama é o brasileiro que não gosta de calor. Turista gosta do calorzinho.

- Mas se está ruim, sei lá mas, por que você não vira Uber também?

- Não compensa. Veja você: se eu entro em um engarrafamento, o preço já tá fechado e não ganho mais nada sobre isso. Não vale a pena.

Nisso, ao virar a curva, onde deveria ter uma via livre segundo os amigos do motorista, há um enorme engarrafamento. Passados mais de 30 minutos quase no mesmo lugar, já atrasado para minha reunião, de janelas abertas, sem ar-condicionado e suando, o motorista começa a ficar nervoso e soltar grandes nomes impróprios de nossa cultura brasileira. Até aprendi alguns novos.

Passa um rapaz ao nosso lado vendendo água. Ele compra uma, pede um gole e diz: aceita?

Mais 15 minutos, chego finalmente ao meu destino e digo:

- Muito obrigado, tome aqui o dinheiro (o dobro do que seria por conta do trânsito), fique com o troco, mas preciso da nota (para reembolso).

- Nota? Eita, acabou meu talão!

Eu não sei você, mas aprendi muito nessa corrida sobre porque uma empresa fecha frente à inovação, e você, quais pontos você identifica com as empresas que estão morrendo nos dias de hoje?


Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
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