sexta-feira, 20 de abril de 2018

Expertise vs. Mindset

Você provavelmente já deve ter ouvido ou lido algo a respeito do case de mercado envolvendo a Blockbuster e a Netflix. De acordo com o que se fala, em algum momento, a Blockbuster poderia ter comprado no passado a Netflix por uma verdadeira pechincha, mesmo à época, e que a decisão de não compra, e o posterior crescimento da Netflix, foi um dos motivos que levaram a marca à falência.

Dito isso, sou categórico em afirmar que nem eu, nem você, e nem qualquer bom executivo teria feito essa compra. Afirmo isso, pois na época que fora ofertada, a Netflix era um simples sistema de delivery de fitas VHS (sim, ainda existiam!) e DVD’s, frente à maior franquia de locadoras do mundo (se você pensar nas lojas como “centros de distribuição” de entretenimento, talvez faça mais sentido ainda a negativa). Portanto, não foi um erro não comprar a Netflix. Não fazia o menor sentido.

Porém, se este não foi um erro, qual seria o erro que levou a Blockbuster à falência?

A confiança excessiva na expertise, contra um mindset inovador da concorrência. Enquanto a Blockbuster crescia no mesmo modelo de negócio, sem pensar em alterar nada, lembrando a velha frase onde se diz que “em time que está ganhando, não se altera o jogo”, e literalmente sentada sobre seu expertise, a Netflix percebeu que o modelo delivery não era um bom negócio, e que surgia uma nova oportunidade em algo ainda novo e que por hora era difícil até mesmo nos Estados Unidos, o streaming.



A Netflix fez o que chamamos no ecossistema de startups de “pivotar”, ou seja, recomeçar do zero, uma volta de 180º sobre praticamente tudo o que se estava pensando ou fazendo sobre o negócio. Algo que somente as empresas que possuem um mindset de inovação constante se propõe hoje a fazer, como operar em um mercado de incerteza, ou testar a todo momento novas formar de interagir com seus consumidores.

Para a Blockbuster, apostar em algo novo como o streaming significaria matar seu modelo de negócio. E foi assim, sentada sobre o modelo de negócio e confiante de maneira excessiva em sua expertise de mercado que deixou que a Netflix corresse praticamente sozinha sobre um mercado de conteúdo on-demand que começava a crescer e acabou por mudar a maneira como o mercado começou a consumir o conteúdo que também era disponibilizado pela Blockbuster. Quando pensou em reagir, já era tarde demais. Na história das marcas, essa é uma história que aconteceu com diversas empresas, como Kodak, Olivetti, entre uma série de outras que preferiram confiar na expertise e no modelo de negócio do que apostar na inovação.

Hoje, no Brasil, há diversas empresas, que assim como na história da Blockbuster, estão literalmente sentadas sobre seu modelo de negócio, e correm sérios riscos de terem finais parecidos no futuro próximo. Há hoje segmentos de mercado inteiros com riscos frente às startups e novos modelos disruptivos que começam a surgir.

O varejista brasileiro, formado atrás do balcão de caixa, tem orgulho de uma expertise que possa ter atravessado décadas de prosperidade e formado gerações de empresários, mas que hoje começa a ter sua expertise confrontada com a inovação e os novos modelos de negócio. O que sempre deu certo, e sempre funcionou, hoje começa a não mais apresentar os mesmos resultados do passado.

Acompanhar esses novos modelos é uma tarefa complexa. Expertise e mindset de inovação são pontos de importância complementar. Um sem o outro, hoje, é um risco aos negócios.

Na GS&UP desenvolvemos um processo de acompanhamento de inovação, parte de nosso conceito nomeado “Lab-It!”, para empresas que buscam inovação como uma maneira de minimamente acompanhar as demandas e oportunidades de seu mercado. Saiba mais em www.gsmd.com.br

Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
Editor | Falando de Varejo
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