quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Real forte impulsiona o comércio popular

Os empresários do chamado varejo popular, com foco nas classes C, D e E, estão animados com a possibilidade de aumentar 15% o faturamento do setor, entre este fim de ano e o início de 2010, com a volta às aulas. Em 2008, o comércio destes produtos, que custam entre R$ 0,99 e R$ 99, faturou em torno de R$ 12 bilhões, e este ano pretende crescer 15%, segundo estimativas dos organizadores da feira "1 a 99 Brasil", que vai até amanhã, no Expo Center Norte, em São Paulo.

A expectativa do segmento é de que a valorização do real frente ao dólar torne menores os custos de importação de itens como: utilidades domésticas, ferramentas, objetos de decoração e material escolar para o primeiro semestre do próximo ano.

Para aproveitar as condições favoráveis à importação, o empresário catarinense Nilson Berlanda disse ter investido R$ 2 milhões para trazer da China produtos de utilidade doméstica e artigos para o verão: cadeiras de praia, guarda-sóis e produtos de jardinagem chegarão ao consumidor final como preços até 30% mais baixos. "Minha expectativa é de que com isso nós vendamos muito mais do que estávamos vendendo. Imagine: um produto que custa em torno de R$ 14,90 [nacional] poderá custar até R$ 12,90. Isso pode alavancar as vendas", afirmou o empresário.

Feira

Para Eduardo Toldres, diretor da feira de "1 a 99 Brasil", a expectativa dos expositores é de que neste ano, durante os quatro dias de realização do evento, os lucros cresçam 100% com relação à edição do final de 2008, e alcancem R$ 2 bilhões, com as vendas de produtos nacionais e importados, e com foco no público baixa-renda.

Para Toldres, o aumento é reflexo dos incentivos financeiros criados, como por exemplo o Bolsa Família, do Governo Lula. "O varejo popular tem sido favorecido pelos novos programas de distribuição de renda do governo federal, que dão poder de compra ao público de baixa renda", explicou o diretor da feira.

O presidente da Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (ABIPP) comentou que acredita na valorização da moeda brasileira para ajudar na hora de conseguir produtos com qualidade melhor para oferecer aos varejistas. "Com o dólar mais baixo, o importante para nós é qualificar o produto. Em outras épocas o importador traz materiais não tão qualificados assim", declarou ele.

Preço

Pesquisa divulgada ontem pela Fecomércio-SP, mostra que o Índice de Preços no Varejo (IPV) fechou o mês com queda de 0,10%. Esta é a terceira queda do IPV no ano. A primeira em fevereiro foi de 0,05%, e a segunda em agosto de 0,17%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 0,91% - de janeiro a setembro deste ano, o acumulado é de 0,25%. Dos 21 grupos analisados pelo IPV, oito registraram queda dos preços.

Supermercados, com o maior peso no índice (32%), puxaram a queda do IPV em setembro. O setor passou de uma redução de 0,58% em agosto para uma variação negativa de 0,68% em setembro. De acordo com Júlia Ximenes, uma das economistas da Fecomércio, pode-se dizer que este resultado deve-se ao realinhamento de preços de produtos que estavam mais caros no primeiro semestre do ano.

Às vésperas das vendas de fim de ano, com a valorização da moeda brasileira e incentivos ao consumidor de renda mais baixa, as projeções do varejo popular aumentaram 15%.

Fonte: DCI