sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Vendas no varejo paulistano têm alta de 3,3% em agosto, indica Fecomercio

Setor de Supermercados novamente puxa o resultado geral da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista que mostra sinais de crescimento sustentado das vendas nos próximos meses

Em agosto, o comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo teve alta de 3,3% no faturamento real de vendas em comparação a agosto do ano passado. Segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista da Fecomercio (PCCV), no acumulado de janeiro a agosto deste ano, a taxa de crescimento do setor é de 0,7%. O segmento de Supermercados novamente puxou a alta do resultado geral.

Segundo Altamiro Carvalho, economista da Fecomercio, esse resultado positivo ganha maior relevância se comparado ao igual período do ano passado, quando as vendas estavam ainda bastante aquecidas. “O resultado parece indicar o início da consolidação de uma nova trajetória de crescimento sustentado das vendas na região, com a normalização do nível de consumo das famílias paulistanas”, avalia o economista.

Ele observa que as razões desse desempenho são a redução gradual do desemprego, elevação da renda – muito embora com nítido declínio mensal nas taxas de aumento da massa real de rendimentos – e regularização na oferta e de facilidade de acesso ao crédito. “Para o comércio, o determinante essencial de vendas é a confiança dos consumidores, que está em patamar elevado, graças à melhoria dos aspectos que favorecem o orçamento doméstico e as perspectivas de melhoria no curto prazo”, explica.

Os resultados das oito atividades que compõem o índice geral tiveram desempenhos parecidos com o mês de julho. Novamente, os setores com maiores pesos na PCCV (Supermercados e Comércio Automotivo) mostraram desempenhos antagônicos, com a maior alta e a maior queda de vendas mensais, respectivamente (15,4% e –12,2%).

O setor de Supermercados apresentou o melhor desempenho do comércio varejista em agosto. Em comparação ao igual mês do ano passado a elevação foi de 15,4% no faturamento real. No acumulado do ano a alta é de 8%. Carvalho explica que como este segmento é muito sensível às mudanças em relação à renda e ao emprego, o aumento contínuo da massa de rendimento da região pode ser considerado como o principal fator para a alta de agosto.

No sentido oposto, o Comércio Automotivo teve o pior índice de agosto, com retração de mais de 12% em relação ao igual mês do ano passado, acumulando de janeiro a agosto queda de 9%, taxa consistente com a queda na produção industrial de veículos em agosto. Para esse resultado negativo, deve-se considerar a forte base em comparação com o bom desempenho do ano passado e os percalços no nível de estoque de alguns modelos.

Carvalho aposta que em setembro será registrada uma forte retomada nas vendas desse segmento, considerando ser o último mês de isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a abundante oferta de crédito e a regularização dos estoques, que certamente irão ao encontro da demanda menor em agosto.

O segmento de Farmácias e Perfumarias manteve em agosto o ótimo desempenho que vem demonstrando em 2009. A alta nesse mês foi de 15,3% contra o igual período de 2008. A variação acumulada no ano é de 11,9%.

Segundo a PCCV, a procura de medicamentos para doenças típicas do inverno como a gripe, além de produtos relacionados à gripe suína como o álcool gel, foram os principais fatores para uma maior alta do setor. Além disso, o aumento da massa de rendimento e aumento da oferta de produtos genéricos e cosméticos são fatores que também influenciam a elevação das vendas.

Já o setor de Lojas de Móveis e Decorações teve faturamento real 1,7% maior em relação a agosto de 2008, porém acumula no ano queda de 5,2% nos oito meses do ano. Em agosto, apesar da melhoria generalizada dos resultados, os segmentos de duráveis não conseguiram se recuperar do desempenho ruim do primeiro semestre.

Para Carvalho, como se espera que o mercado imobiliário se aqueça novamente a partir do final do ano, pode ser que esse fator comece novamente a alavancar vendas das Lojas de Móveis e Decorações entre o final deste ano e o início do ano que vem. “Os resultados devem melhorar lentamente, mas neste ano não devem reverter o mau desempenho inicial”, afirma Carvalho.

As vendas nas Lojas de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos também mostraram ligeira recuperação em agosto, mas permanecem no vermelho no acumulado do ano. Em agosto o faturamento real cresceu 1,2% e o acumulado em oito meses atinge a marca de -9,6%. O faturamento do segmento vem sendo pressionado pela desvalorização do dólar, pela demanda ainda reticente e pelo efeito apenas parcial da redução do IPI sobre a Linha Branca.

Carvalho acredita que o segmento pode recuperar uma parte do resultado perdido, no Natal, já que é um dos segmentos com forte sazonalidade no final de ano. Além disso, como a base de comparação de 2008 é ruim, dificilmente uma recuperação parcial em dois ou três meses será suficiente para reverter totalmente os resultados de 2009.

Setores em queda

Assim como Comércio Automotivo, mais três setores apontaram queda no mês de agosto. O faturamento real da atividade de Vestuário, Tecidos e Calçados acusou queda de 0,4% em agosto no comparativo com o igual mês do ano anterior. Em julho o segmento havia apontado estabilidade, com variação de -0,01%. No acumulado do ano o setor atinge queda de 4,3%.

“O resultado é influenciado pela forte base de comparação com o ano anterior, quando o indicador atingiu incremento de 18,2% no acumulado do ano”, explica Carvalho.

Outro fator que refletiu no desempenho de agosto é o de que agosto é marcado pela entrada da coleção primavera-verão, normalmente com novidades e preços mais elevados. Desta forma, os preços dos artigos de vestuário são maiores e as vendas tendem a recuar.

As Lojas de Material de Construção também não conseguiram recuperar níveis positivos de vendas. O faturamento real desse setor continua a cair, e em comparação a agosto de 2008, a queda foi de 7,4%. Na média do ano, o acumulado entre janeiro e agosto é de -7,6%.

Segundo Carvalho, o reaquecimento do setor imobiliário, previsto para esse final de ano, vai demorar um pouco para aquecer as vendas desse segmento. A primeira movimentação deve ocorrer nos lançamentos e vendas de imóveis (no caso das vendas o mercado movimenta novos e usados). Posteriormente esse movimento chega às lojas de material de construção. “Para 2009 a tendência é de um desempenho realmente fraco, ainda que, na margem possa ocorrer alguma recuperação”, avalia.

Já o segmento de Lojas de Departamentos, mesmo favorecido pela redução do IPI para a linha branca de eletrodoméstico, teve o seu primeiro desempenho negativo em 2009. Em agosto, a atividade teve queda de 3,8% no faturamento real na comparação com igual mês do ano passado. Porém, o segmento ainda acumula alta de 5,9% nos oito meses do ano. Em julho o setor havia acusado alta de 6,5%.

Segundo Carvalho, um dos motivos da queda é o fato de os consumidores terem passado a destinar uma maior parte de sua renda com alimentos, o que resulta em uma redução nas vendas de outros segmentos. Prova disto é o robusto crescimento do segmento de Supermercados verificado em agosto.