quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O Patinho feio, a Netflix, a Gisele Bündchen e as startups.

Olá amigos do varejo!

Acredito que todo mundo conhece a história do patinho feio, que desprezado no início da história por ser um patinho feio entre os demais, no final da história se torna um lindo cisne, ok, mais bonito que os patos.

Todo mundo já ouviu também a história de alguém que na época de colégio não era muito popular ou atraente, e depois do colégio, digamos assim, superou todas as expectativas. Gisele Bündchen, por exemplo, era chamada de magrela demais.

Magrela demais? 

Nesse contexto, é engraçado como já está até repetitiva a história de empresas que não foram compradas por gigantes do mercado em seu início de trabalho, e que hoje não somente se tornaram as maiores de seu mercado, como também quebraram de alguma forma as empresas que no passado tiveram a oportunidade de compra-las. Quase como uma vingança não planejada, mas com um gosto incrível de vitória.

E não há um só evento que alguém não fale que a Blockbuster teve a oportunidade de comprar a Netflix, que a Kodak poderia ter lançado muito antes as câmeras digitais e por aí vai.
Agora, vamos lá. Vamos brincar de ser o dono da Blockbuster em meados dos anos 2000 quando lhe bateu à porta uma empresa como a Netflix., oferecendo um negócio praticamente igual ao seu, ainda no ramo de locação de vídeos e com uma chance mínima de crescimento, dada as questões de acesso e internet da época.

Mesmo se analisássemos com os olhos de hoje, com mente um pouco mais aberta, acredito que poucos se arriscariam na compra. Embora a própria Netflix já tenha dito que sempre imaginou que a locação se tornaria um negócio de streaming, não há fatos que comprovem isso, e mesmo assim, o mundo precisou girar, e a internet melhorar, para que o negócio de fato pudesse ter chance de vingar. Foi um timing perfeito, entre oportunidade e disponibilidade.

No mundo de negócios de verdade, onde olhamos e valorizamos mais o Excel do que o PowerPoint é certo que todos terão seus dias de Blockbuster em algum momento. Apostar será sempre risco.

Aposta que não há risco é decisão simples.

É difícil olhar para “a magrela” do colégio e apostar logo de cara que ela será uma über model no futuro. É difícil olhar para um patinho feio e acreditar que ele será um cisne no meio dos patos. É difícil olhar uma proposta que ainda está na fase do PowerPoint e acreditar que ela será uma superempresa global um dia.

Para entender isso, talvez seja necessário mais do que uma simples visão apurada. Um acompanhamento mais de perto, dando uma chance para a empresa mostrar seu trabalho pode ser uma alternativa, antes de um aporte ou aquisição. Usando a metáfora da modelo, um olheiro em algum momento “descobriu” a Gisele Bündchen, mas quantas outras “Giseles” dele não vingaram? Alguém um dia viu potencial no Neymar, mas foi acompanhando-o e dando oportunidade para ele mostrar o que sabia fazer, que chegou onde chegou.

Ainda complementando a questão. Será que se a Netflix tivesse sido comprada hoje teríamos o serviço qual temos hoje, ou estaríamos ainda alugando “fitas” na Blockbuster?

Tal como os sins, os nãos também constroem as empresas. As vezes os nãos levam para caminhos diferentes e poucos explorados, onde é necessário mais esforço e criatividade, mas que é onde mora o sucesso.

Feeling é importante, principalmente quando se tem expertise do negócio, mas no mundo de hoje, para se ter sucesso, a mente pode estar nas nuvens, mas os pés sempre devem estar no chão.

A inovação vai (e deve) sempre bater à sua porta, mas cuidado com as apostas.

Um grande abraço e boas vendas

Caio Camargo
Editor | Falando de Varejo